Arte da Conversação, teatro, Cotovia, 1999
As quatro personagens encontram-se perto de Évora no Palácio da Marquesa Miravelli, ainda aparentada à Duquesa de Mântua, regente do Reino de Portugal. Vêm convocadas para uma festa. Enquanto esperam a suposta chegada dos convivas, entretêm-se com alguns tópicos da cortesania e da conversação da época. Mas esta suave recreação começa a azedar quando, com o passar do tempo, compreendem que a senhora da casa não aparece e que não se realiza ali festa alguma. Perguntam-se que misterioso desígnio os terá ali convocado e recriminam- se mutuamente. Só no final se revelará que, para além da cortesania e da estéril conversação convencional, coisas reais acontecem - e é nessas que devem jogar os seus destinos.
As quatro personagens encontram-se perto de Évora no Palácio da Marquesa Miravelli, ainda aparentada à Duquesa de Mântua, regente do Reino de Portugal. Vêm convocadas para uma festa. Enquanto esperam a suposta chegada dos convivas, entretêm-se com alguns tópicos da cortesania e da conversação da época. Mas esta suave recreação começa a azedar quando, com o passar do tempo, compreendem que a senhora da casa não aparece e que não se realiza ali festa alguma. Perguntam-se que misterioso desígnio os terá ali convocado e recriminam- se mutuamente. Só no final se revelará que, para além da cortesania e da estéril conversação convencional, coisas reais acontecem - e é nessas que devem jogar os seus destinos.
do espectáculo
ARTE DA CONVERSAÇÃO, texto de Luísa Costa Gomes,
encenação de Nuno Carinhas, Teatro Rivoli, 1998, Ensemble de Atores
leituras conduzidas por Nuno Carinhas, Teatro Nacional de São João, 2006
Arte da Conversação LCG Suite no TNSJ por João Tuna
Contexto Histórico
Corre o ano de 1638, em Portugal reina Filipe IV de Habsburgo. As garantias de autonomia dadas no princípio da dominação castelhana estão praticamente esquecidas. O conde-duque de Olivares, durante a década de vinte, trabalha para a homogeneização das leis e regulamentos em todas as províncias espanholas. O agravamento dos impostos e o recrutamento de nobres portugueses para a guerra, em contradição com o estipulado nas Cortes de Tomar em 1581, causam uma onda de agitação , nomeadamente em Évora - Agosto, 1637- onde um idiota local, o Manuelinho, é escolhido como cabecilha inimputável da revolta encorajada pelos Jesuítas da Universidade, apoiada por grande parte da fidalguia e pelo povo . O Palácio do Duque de Bragança , que se mantém fiel a Filipe IV, é então apedrejado. Os nobres, excluídos do poder pelo clã de Miguel de Vasconcelos, reconhecendo a disponibilidade popular para a luta de independência, começam a movimentar-se . Em 1638, o cônsul francês em Lisboa, Saint-Pé , é incumbido por Richelieu de oferecer o apoio da França, que se encontrava em guerra com Espanha, ao futuro Rei de Portugal, o Duque de Bragança. Por todo esse ano, agentes secretos de Richelieu e nobres portugueses, procuram - embora sem êxito - convencer o Duque a erguer-se em armas contra Castela. Escreve Oliveira Martins, na sua História de Portugal : "Em 1637 viu-se o caso único de uma revolução anónima porque dos seus dois chefes, um era D. Sebastião, uma sombra; outro o Manuelinho, gigante membrudo - um doido que divertia pelas ruas a plebe de Évora. Inconscientemente, os Jesuítas criavam um símbolo : O Manuelinho era a estátua de Portugal. Fizeram do doido um Messias, e de D. Sebastião o Deus, incógnito, encoberto, cujos
milagres enchiam de esperanças redentoras as imaginações populares" (Livro VI, p. 118).
Personagens
- D. Emília Vital adora festas e representações e vive para o protocolo e o estatuto social. Sonha com a grandeza da corte de Madrid, a maior e mais faustosa da Europa. Tomou um amante, julgando estar a seguir os ditames da cortesania. Ama e admira o Cavaleiro Vital e não perde oportunidade de o exaltar, enquanto rebaixa e critica o Amante. Vem de vestido de grande festa.
- O Marido , Cavaleiro Vital, é o homem sisudo, austero e superior. Fala pouco, algumas vezes por máximas ou sentenças, de cariz generalista e moralista. Trata a D. Emília Vital com grande condescendência e os outros com rispidez. Vem de traje de gala.
- O Amante, o senhor Bons-Olhos, mais velho do que o Cavaleiro. É cristão-novo, oportunista, um homem galante e palavroso. Está sobretudo apaixonado pelo facto de Dona Emília ser mulher do Cavaleiro que ele inveja. Na festa - que julga ser um baile de máscaras - apresenta-se disfarçado de corsário.
- O Confidente, João Natalino, admira enormemente o Cavaleiro. É um intelectual um tanto efeminado, formalista, conservador, cioso das hierarquias, dominado pelo que julga ser a supremacia moral e espiritual do Cavaleiro.
milagres enchiam de esperanças redentoras as imaginações populares" (Livro VI, p. 118).
Personagens
- D. Emília Vital adora festas e representações e vive para o protocolo e o estatuto social. Sonha com a grandeza da corte de Madrid, a maior e mais faustosa da Europa. Tomou um amante, julgando estar a seguir os ditames da cortesania. Ama e admira o Cavaleiro Vital e não perde oportunidade de o exaltar, enquanto rebaixa e critica o Amante. Vem de vestido de grande festa.
- O Marido , Cavaleiro Vital, é o homem sisudo, austero e superior. Fala pouco, algumas vezes por máximas ou sentenças, de cariz generalista e moralista. Trata a D. Emília Vital com grande condescendência e os outros com rispidez. Vem de traje de gala.
- O Amante, o senhor Bons-Olhos, mais velho do que o Cavaleiro. É cristão-novo, oportunista, um homem galante e palavroso. Está sobretudo apaixonado pelo facto de Dona Emília ser mulher do Cavaleiro que ele inveja. Na festa - que julga ser um baile de máscaras - apresenta-se disfarçado de corsário.
- O Confidente, João Natalino, admira enormemente o Cavaleiro. É um intelectual um tanto efeminado, formalista, conservador, cioso das hierarquias, dominado pelo que julga ser a supremacia moral e espiritual do Cavaleiro.
Bibliografia
- Francisco Rodrigues Lobo, "Corte na Aldeia" ( 1618, dedicada a D. Duarte, Marquês de Frechilla e Malagam, irmão do Duque de Bragança).
- Jonathan Swift, "Hints Towards an Essay on Conversation", sem data, provavelmente à volta de 1700.
- Jean de La Bruyère, "Caractères" (De la Société et de la Conversation), 1687.
- La Rochefoucauld, "Maximes" (IV. De la Conversation), (1665)
- Jonathan Swift, "Hints Towards an Essay on Conversation", sem data, provavelmente à volta de 1700.
- Jean de La Bruyère, "Caractères" (De la Société et de la Conversation), 1687.
- La Rochefoucauld, "Maximes" (IV. De la Conversation), (1665)