LONE DOG, dramaturgia de Luísa Costa Gomes,
a partir de “Poeta Armando”, de Cláudio da Silva,
encenação de António Pires,
Teatro do Bairro 4 Novembro 2015
“Partindo de uma criação de Cláudio da Silva que nos deu os poemas do Poeta Armando e as aparições do Poeta propriamente dito, construiu-se um diálogo entre poetas e formas de viver a obra poética na sua relação com o tempo e a posteridade. Como perguntaria Rafael Alberty na Balada dos Poetas Andaluzes, ‘Que fazem os poetas de agora?’ Que podem eles? Já morreu tudo? Para que escrevem eles e para quem? São os outros surdos, ou eles que não se sabem fazer ouvir? Estarão eles inteiramente sós, como cães vagabundos a farejar pela noite? Desse cruzamento de textos surge outra realidade, a dos vários ‘reais’ que a constroem: um actor chamado Cláudio da Silva que interpreta um actor chamado Cláudio da Silva, que se transforma num poeta que não quer ser interpretado (Armando), um autor chamado Beerbohm que inventa um poeta maldito chamado Soames, que duma viagem ao futuro traz afinal o material de que o texto de que ele é personagem é feito, deixando a dúvida de quem será afinal o autor do texto; e dois poetas reais, Ginsberg e Corso, em imagem, filmados em cenas supostamente espontâneas, cuja conversa continua em palco interpretada por dois actores, que fazem de poetas. Sobre todos reina a Dama Posteridade, destino e fantasma de toda a criação. E, por fim, uma pessoa que não é nem poeta, nem actor, conta o fim da história.”
Luísa Costa Gomes
Luísa Costa Gomes