O Mundo é Redondo, de Gertrude Stein,
Edição bilingue, Ponto de Fuga, 2018
Tradução de Luísa Costa Gomes, ilustrações de Rachel Caiano.
«Rosa é uma Rosa é uma Rosa» é um dos mais icónicos estribilhos da literatura infantil. Curiosamente, o livro de que provém nunca tinha sido editado em Portugal. Até agora.
Quase oitenta anos após a publicação original de O Mundo É Redondo / The World Is Round, a Ponto de Fuga inclui na sua coleção infantojuvenil, com texto bilingue, este clássico absoluto de Gertrude Stein (1874-1946).
Num magistral trabalho de tradução, que a originalidade rítmica e poética da obra tornava quase impossível, Luísa Costa Gomes verteu para português, mantendo o estilo inconfundível de Stein, esta tocante exploração dos conceitos de identidade e individualidade, com os seus inusitados jogos de palavras e sons.
Inspirando-se nas cores e motivos estabelecidos pela autora, e originalmente concretizados por Clement Hurd, a premiada ilustradora Rachel Caiano imprime a sua marca visual num livro belo, arrojado e desafiante, como as próprias crianças.
Edição bilingue, Ponto de Fuga, 2018
Tradução de Luísa Costa Gomes, ilustrações de Rachel Caiano.
«Rosa é uma Rosa é uma Rosa» é um dos mais icónicos estribilhos da literatura infantil. Curiosamente, o livro de que provém nunca tinha sido editado em Portugal. Até agora.
Quase oitenta anos após a publicação original de O Mundo É Redondo / The World Is Round, a Ponto de Fuga inclui na sua coleção infantojuvenil, com texto bilingue, este clássico absoluto de Gertrude Stein (1874-1946).
Num magistral trabalho de tradução, que a originalidade rítmica e poética da obra tornava quase impossível, Luísa Costa Gomes verteu para português, mantendo o estilo inconfundível de Stein, esta tocante exploração dos conceitos de identidade e individualidade, com os seus inusitados jogos de palavras e sons.
Inspirando-se nas cores e motivos estabelecidos pela autora, e originalmente concretizados por Clement Hurd, a premiada ilustradora Rachel Caiano imprime a sua marca visual num livro belo, arrojado e desafiante, como as próprias crianças.
do espectáculo
O MUNDO É REDONDO, de Gertrude Stein,
tradução de Luísa Costa Gomes,
encenação de António Pires,
TEATRO DO BAIRRO, 31 de Outubro 2018
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The World is Round (1939)
O Mundo é Redondo é uma das poucas histórias que Stein escreveu para crianças (ou melhor, para uma criança) e pode constituir uma excelente introdução à sua obra literária. Rose, a protagonista, é uma menina com uma questão de identidade e uma demanda mística, que tem uma predilecção marcada pela cor azul. Subirá então a uma montanha azul carregando a sua cadeira de jardim azul com o objectivo de se sentar no topo da montanha. Neste percurso iniciático entra em contacto com os elementos reais da montanha que é, afinal, multicolor, mas sobretudo verde. Para crianças e adultos, O Mundo é Redondo tem o apelo encantatório das repetições, dos ritmos e dos sons das palavras, do medo do que elas poderão desencadear, do poder que têm de manter ou resolver mistérios. Para além de ser um texto extremamente interessante do ponto de vista formal e narrativo - Stein mantém um “presente contínuo”- é importante pela experimentação que se revela sobretudo na mecânica das frases. Como para Rose, a protagonista, que não sabe quem é, nem sabe se continuaria a ser a mesma Rose se não se chamasse Rose, para a criança que começou há pouco a falar, a linguagem é esse mundo maravilhoso e sedutor que é preciso dominar, mas cheio de nuances, de uma fluidez onde ela se perde, de subentendidos que criam mal-entendidos, de palavras que querem dizer tantas coisas diferentes, dependendo o significado muitas vezes apenas do lugar que ocupam nas frases. Stein dá-nos em O Mundo é Redondo uma experiência que pode ser muito semelhante à da criança que começou a ser sensível às dificuldades da expressão , que se encontra em demanda da sua identidade e sobretudo em demanda do domínio da linguagem e da realidade que a linguagem é capaz de exprimir. Seria benéfico abordar este texto sem preconceitos modernistas ou anti-modernistas, elitistas ou anti-elitistas, pedagógicos ou a-pedagógicos, mas lê-lo pelo que ele é e pelo que ele diz, ou seja, fazer a experiência da sua leitura.
O Mundo é Redondo é uma das poucas histórias que Stein escreveu para crianças (ou melhor, para uma criança) e pode constituir uma excelente introdução à sua obra literária. Rose, a protagonista, é uma menina com uma questão de identidade e uma demanda mística, que tem uma predilecção marcada pela cor azul. Subirá então a uma montanha azul carregando a sua cadeira de jardim azul com o objectivo de se sentar no topo da montanha. Neste percurso iniciático entra em contacto com os elementos reais da montanha que é, afinal, multicolor, mas sobretudo verde. Para crianças e adultos, O Mundo é Redondo tem o apelo encantatório das repetições, dos ritmos e dos sons das palavras, do medo do que elas poderão desencadear, do poder que têm de manter ou resolver mistérios. Para além de ser um texto extremamente interessante do ponto de vista formal e narrativo - Stein mantém um “presente contínuo”- é importante pela experimentação que se revela sobretudo na mecânica das frases. Como para Rose, a protagonista, que não sabe quem é, nem sabe se continuaria a ser a mesma Rose se não se chamasse Rose, para a criança que começou há pouco a falar, a linguagem é esse mundo maravilhoso e sedutor que é preciso dominar, mas cheio de nuances, de uma fluidez onde ela se perde, de subentendidos que criam mal-entendidos, de palavras que querem dizer tantas coisas diferentes, dependendo o significado muitas vezes apenas do lugar que ocupam nas frases. Stein dá-nos em O Mundo é Redondo uma experiência que pode ser muito semelhante à da criança que começou a ser sensível às dificuldades da expressão , que se encontra em demanda da sua identidade e sobretudo em demanda do domínio da linguagem e da realidade que a linguagem é capaz de exprimir. Seria benéfico abordar este texto sem preconceitos modernistas ou anti-modernistas, elitistas ou anti-elitistas, pedagógicos ou a-pedagógicos, mas lê-lo pelo que ele é e pelo que ele diz, ou seja, fazer a experiência da sua leitura.