UBUS de Alfred Jarry
Tradução e dramaturgia de Luísa Costa Gomes
encenação de Ricardo Pais
Teatro Carlos Alberto, Porto, 2005
Tradução e dramaturgia de Luísa Costa Gomes
encenação de Ricardo Pais
Teatro Carlos Alberto, Porto, 2005
“Se todo o Ubu…”
Da tradução das quatro peças ubuescas
(Rei Ubu, Ubu Cornudo, Ubu no Outeiro, Ubu Agrilhoado) de Alfred Jarry destilou-se uma dramaturgia que pretende realçar a essência paródica, caótica, gargantuesca e ressumante de hormona amoral do primeiro Ubu (o Rei Ubu, escrito por Jarry aos quinze anos e criado a partir da figura do seu professor de Física, M. Hébert). Se todo o Ubu é sobre todo o poder, sobretudo o pequeno poder, do porteiro, do contínuo, do professor, da mulher sobre o homem, mas também do rei sobre os súbditos e vice-versa, do homem sobre o homem e da cobiça sobre todos eles, de certeza que não é uma “tematização”, nem uma “reflexão”, nem uma “meditação”. É uma curtição.
A linguagem de Jarry põe problemas específicos de tradução, alguns deles obviamente insolúveis.
A versão portuguesa existente, intitulada Mestre Ubu e escrita por Alexandre O’Neill e Luís de Lima nos anos sessenta, é de facto isso mesmo: uma versão e uma dramaturgia. Uma versão brilhantíssima, e em muitos passos bastante mais engraçada e criadora do que o original. Esta nova tradução segue bastante mais de perto o texto de Jarry. Surpreenderão, talvez, por isso, a razoável candura do palavrão ubuesco e a frescura adolescente, ou seja, apolítica, das explosões de moderada coprofilia do mostrengo e da sua fêmea.
Luísa Costa Gomes
Da tradução das quatro peças ubuescas
(Rei Ubu, Ubu Cornudo, Ubu no Outeiro, Ubu Agrilhoado) de Alfred Jarry destilou-se uma dramaturgia que pretende realçar a essência paródica, caótica, gargantuesca e ressumante de hormona amoral do primeiro Ubu (o Rei Ubu, escrito por Jarry aos quinze anos e criado a partir da figura do seu professor de Física, M. Hébert). Se todo o Ubu é sobre todo o poder, sobretudo o pequeno poder, do porteiro, do contínuo, do professor, da mulher sobre o homem, mas também do rei sobre os súbditos e vice-versa, do homem sobre o homem e da cobiça sobre todos eles, de certeza que não é uma “tematização”, nem uma “reflexão”, nem uma “meditação”. É uma curtição.
A linguagem de Jarry põe problemas específicos de tradução, alguns deles obviamente insolúveis.
A versão portuguesa existente, intitulada Mestre Ubu e escrita por Alexandre O’Neill e Luís de Lima nos anos sessenta, é de facto isso mesmo: uma versão e uma dramaturgia. Uma versão brilhantíssima, e em muitos passos bastante mais engraçada e criadora do que o original. Esta nova tradução segue bastante mais de perto o texto de Jarry. Surpreenderão, talvez, por isso, a razoável candura do palavrão ubuesco e a frescura adolescente, ou seja, apolítica, das explosões de moderada coprofilia do mostrengo e da sua fêmea.
Luísa Costa Gomes