EDIÇÃO KINDLE VIDA DE ARTISTA
Três actores envolvidos em actividades tão díspares como a locução de anúncios, a interpretação em cinema e a telenovela, encontram-se para levar ao palco La Mirtilla, de Isabella Andreini, a primeira dramaturga europeia, ela própria actriz de commedia dell´arte. João Raimundo e Joana foram casados em tempos e João é agora casado com (Carina) Diana, jovem estrela da novela. O triângulo não é muito convencional. E de uma multiplicidade de registos banais surge, na encenação da peça dentro da peça, a bela forma do teatro renascentista.
Três actores envolvidos em actividades tão díspares como a locução de anúncios, a interpretação em cinema e a telenovela, encontram-se para levar ao palco La Mirtilla, de Isabella Andreini, a primeira dramaturga europeia, ela própria actriz de commedia dell´arte. João Raimundo e Joana foram casados em tempos e João é agora casado com (Carina) Diana, jovem estrela da novela. O triângulo não é muito convencional. E de uma multiplicidade de registos banais surge, na encenação da peça dentro da peça, a bela forma do teatro renascentista.
do espectáculo
VIDA DE ARTISTA, texto de Luísa Costa Gomes,
encenação de António Pires,
Teatro do Bairro, 3 de Março de 2010
encenação de António Pires,
Teatro do Bairro, 3 de Março de 2010
Diana é uma jovem actriz casada com João, actor, que já foi casado com Joana, actriz, com quem ele agora contracena numa curta-metragem, enquanto ela, Joana, contracena com Diana numa telenovela. Confusos? Nos intervalos das filmagens e das dobragens e das novelas correm João e Diana do Banco para o anúncio ao Banco, para o anúncio comercial, o anúncio institucional, Joana para o recital, para o festival, e um resto de uma peça que ainda está em cena. Confusos? É apenas a vida de artista, que fica para além do glamour das fotos das revistas da especialidade. Como se isto não bastasse, o actor João Raimundo (Adriano Luz) e as actrizes Joana Raimundo (Manuela Couto) e Diana Mascarenhas (Margarida Vila-Nova) são convidados pelo encenador Herculano para interpretarem numa sala de teatro um texto do século XVI, a saber, a primeira pastoral escrita por uma mulher, a actriz e dramaturga paduana Isabella Andreini (1562-1604), da companhia de commedia dell ́arte I gelosi. É assim que os três actores saltam para dentro de uma peça de teatro, cuja encenação acompanhamos passo a passo. Da primeira leitura, ainda cheia de dúvidas, à estreia de La Mirtilla, retraça-se e retrata-se o processo de criação de um espectáculo de teatro. As pessoas que são actores transformam-se em personagens da peça dentro da peça para dizerem as palavras antigas do texto. Mas o que dizem é sempre novo, é sobre o Amor nas suas diversas formas, o amor idealizado, o amor não-correspondido, o amor conjugal, o amor narcísico.